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segunda-feira, 17 de março de 2014

Caminhando com empatia


Caminhando com empatia, por uma vida mais natural, um mundo mais justo, uma sociedade mais social e um ser mais humano. Por mim sendo por todos, e por todos sendo por mim. 


Já que a vida em si é essencialmente natural, física, química e biológica, o viver, a realização desta vida, no caso dos homo sapiens que somos, traz a baila o nosso mundo mental e deste deveria trazer o humano e o coletivo social. Este viver, por mais incoerente socialmente que pareça, somente é possível em um mundo pessoal e subjetivo, mental, psicológico e emocional que emerge naturalmente de nosso complexo circuito funcional cerebral, e nem por isto menos humano e social, pois que ser humano e social é também realizar a emergência dos seres que nos compõe. Mente esta mutável pois que a plasticidade natural do cérebro nos permite constante alteração do circuito neural, com novas ligações, eliminações de outras, reforço de algumas e enfraquecimento de outras mais. Somos assim diferentes a cada momento, e não somente somos o que a genética nos faria ser, mas somos fenótipo em constante alteração. Cada um vive sua própria vida, é verdade, seu mundo mental próprio, seus sentimentos e emoções, seu realizar prático do viver, mas cada um vive um novo viver a cada instante. Ninguém vive a vida dos outros, ou ninguém experimenta pelos outros as dores ou as alegrias, os sofrimentos ou as felicidades, as emoções ou a insensibilidade, a empatia ou a indiferença, podemos viver o reflexo das dores, das alegrias, dos sofrimentos, das felicidades, das emoções, da insensibilidade, da empatia ou das indiferenças dos outros, podemos até compartilhar e nos alegrar ou nos revoltar com a realização consciente ou não do viver dos outros, mas jamais sentiremos em primeira pessoa o realizar da vida dos outros (pelo menos no estagio atual da ciência e da tecnologia). Apesar da mente ser minha, do sentir ser meu, do realizar este viver ser algo intrinsecamente individual, é desumano, é injusto, e eu entendo até ser não natural pela humanidade que nos deveria ser natural, viver sem compartilhar o viver dos outros, sem tentar nos colocar no lugar dos outros, sem tentar imaginar o que os outros sentiriam com nossas ações e comportamentos. Caminhamos, mas para muitos de nós o caminhar é também um ato meramente pessoal, indiferente ao como os outros caminham, ou ao como poderíamos ajudar os outros a melhor caminhar. 

Somos humanos, ou deveríamos ser, pois que nossa humanidade seria aquela marca que nos especifica como seres únicos e diferentes, nada especiais é claro, nem melhor e nem pior que nenhuma outra espécie, mas diferenciada pela sua humanidade. Sendo humanos somos, ou deveríamos ser, essencialmente seres mentais e sociais. Para realizarmos nosso viver, necessitamos direta ou indiretamente uns dos outros, mas parece que a relação com o social acaba aqui, na da mera necessidade. Vendo o mundo, me parece muitas vezes que se alguém não precisa diretamente do outro, este outro não é importante, e assim parece que a noção de social e de sociedade nada acrescenta no relacionamento com este outro, estando este bem ou mal, parece que já tendo a necessidade de suas vidas, que cada outro leve a sua como puder. Mas como conseguimos realmente viver bem, sem revolta ou dor, sabendo que um irmão em espécie, qualquer um, em qualquer lugar, sofre do abandono, da exclusão ou de preconceitos, sofre da opressão ou da exploração, mesmo que dele não precise em especial. Como me dizer humanos, se não realizo em mim mesmo pelo menos parte da dor dos irmãos que sofrem. Alguma “sorte” (não gosto da palavra sorte, mas a palavra que usaria é fatalidade, mas para muitos ela pode parecer depreciativa, mas a fatalidade pontual de ter nascido em minha família, em uma realidade tempo espacial que me deu oportunidades, que não as teria se nascesse em plena Etiópia, no meio de uma guerra desumana, em grupos sociais excluídos ou abandonados) me ajudou, algum esforço me ajudou, e algumas oportunidades me foram dadas pelo caos do dia a dia, mas a mesma sorte não bate a porta de todos, e muitos já nascem carimbados pelo azar do abandono, da fome, da exclusão, da opressão e da exploração. 

Caminhar, de alguma forma todos caminhamos, uns na dor do abandono e outros na vaidade do que possuímos, outros mais na indiferença pelo social, e felizmente alguns na compaixão racional de que somos realmente seres sociais buscando construir nosso ser humano, mas parece que muitos de nós nos tornamos cegos a necessidade de muitos irmãos, parece que cada vez mais nos tornamos insensíveis a dor de uma multidão deles. Parece que interpretamos o social relativo apenas ao grupo que de alguma forma nos interessa. Parece que nosso sentir torna-se opaco a sensibilidade do que a realidade realmente é. 

Caminhar é natural, caminhar com empatia é buscar construir nossa identidade humana e social.

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