Sou um “arquétipo” de ser humano, mas de real humano tenho muito pouco. Sou comum, e o comum aqui nada tem do que deveria ter de comum, uma comum humanidade já que sou humano, ou deveria sê-lo, sou comum, no vulgar de comum quase desumano, de um comum que se perde na mistura de desumanidade que assola muitos, e sendo este tipo de comum, que deveria ser incomum, sou um quase nada humano. Aproximo-me muito de uma falácia humana. Sei razoavelmente o que é certo, pelo menos acredito sabe-lo, creio entender razoavelmente o que é ser humano, entendo perceber razoavelmente a transformação que a sociedade deve sofrer, e a que eu devo realizar em mim mesmo, e na sociedade, para tirar a sociedade da inércia atual, mas na prática, quase nada faço de ousado neste sentido. Compreendo razoavelmente o que pode dignificar a vida, intuo razoavelmente o quanto devo valorizar a vida em toda a sua essência, e não apenas a vida humana, ou a minha vida e a dos meus, concebo razoavelmente o quanto devo me expor pela maximização da felicidade social, mas infelizmente, na prática, sou omisso, sou um ser que preza por uma inação resignada pelo que aqui está, e assim não sou digno de ser qualificado como humano. Humano eu? Um dia quem sabe, mas que este dia não seja tarde demais.