O que um ser humano, desumanizado pela miséria e sem autoestima, abandonado que foi ao azar da exclusão social e que ou se vê explorado até o seu limite de exaustão total e absoluta por esta mesma sociedade que o destrói, ou se vê literalmente abandonado e relegado a inexistência social por aquela mesma sociedade, logo percebe é que não existem laços que o possa unir com a sociedade que o abandonou.
A sociedade não é para ele, e ele não consegue sentir a sociedade como algo comum a ele mesmo. Ele então descobre que o sonho não existe, nunca existiu, a falácia da esperança apenas corroeu seu tempo não lhe dando atitude de revolta contra o que aqui está. Ele, de forma dolorosa e sofrida, percebe que o pesadelo da fome e da desumanidade que o lançaram é real e contínuo. Estes humanos experimentam o desprezo de nossa sociedade por eles diariamente, nem que por pura inação dos que poderiam, se unidos e por vontade politica, isto transformar. Eles percebem que a sociedade não é de todos, é de alguns que falam em nome de todos e que nunca se põem realmente a trabalhar por todos, que nunca se põem a sentir por todos, que nunca se coloca no lugar de todos e de cada um. A sensação passada é que a sociedade é exclusiva dos incluídos política e economicamente, o resto... haaa... o resto pode viver de qualquer forma, ainda não ganharam o status de seres humanos.
Como alguns de nós, muitos, e cada vez mais de nós consegue não sentir a dor daqueles excluídos e abandonados? Como não conseguimos trocar sensações, como não conseguimos ter a sensibilidade de perceber que a miséria e a fome retiram a percepção de humanidade daqueles excluídos? A empatia passa, cada vez mais, a ser mero vernáculo em algum livro de sociologia, de psicologia ou de dignidade humana.
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